Alfabetização e Desenvolvimento da Linguagem na Criança Através da Literatura Infantil

ARTIGO ORIGINAL

FONTANA, Valéria Cristina Calvi. Alfabetização e Desenvolvimento da Linguagem na Criança Através da Literatura Infantil. Revista Ideário Acadêmico. Link de acesso: https://revistaacademicadomercosul.org/alfabetizacao-e-desenvolvimento-da-linguagem-na-crianca-atraves-da-literatura-infantil/

RESUMO

O uso da literatura infantil tem sido reconhecido como um veículo de incentivo ao aprendizado intelectual, cultural e linguístico. A linguagem dá à criança a capacidade de se comunicar e, sem as habilidades de linguagem apropriadas, ela se torna progressivamente prejudicada, pois ela pode não ter meios de explicar, questionar, formular hipóteses, analisar, comparar e deduzir. Daí a importância de que as habilidades de linguagem e leitura de uma criança sejam desenvolvidas ao máximo. O objetivo deste artigo é obter uma visão sobre a importância da literatura infantil no processo de aquisição da linguagem e alfabetização. Também são discutidas maneiras diferentes pelas quais uma criança pode entrar em contato com os livros. Como resultado percebeu-se que todas as atividades de leitura dependem da disponibilidade e variedade de livros apropriados para crianças, assim como modelos explícitos de leitura que as incentivem e possam motivá-las a desenvolver suas habilidades de fala e linguagem através da imaginação e estímulo às brincadeiras imaginativas.

Palavras-Chave: Literatura infantil, Linguagem, Alfabetização. 

RESUMEN

Se ha reconocido que el uso de la literatura infantil es un vehículo para fomentar el aprendizaje intelectual, cultural y lingüístico. El lenguaje le da al niño la capacidad de comunicarse y, sin las habilidades lingüísticas adecuadas, se deteriora progresivamente, ya que puede no tener los medios para explicar, cuestionar, formular hipótesis, analizar, comparar y deducir. De ahí la importancia de desarrollar al máximo el lenguaje y la lectura de un niño. El propósito de este artículo es conocer la importancia de la literatura infantil en el proceso de adquisición del lenguaje y alfabetización. También se analizan las diferentes formas en que un niño puede entrar en contacto con los libros. Como resultado, se comprendió que todas las actividades de lectura dependen de la disponibilidad y variedad de libros apropiados para los niños, así como de modelos de lectura explícitos que los alienten y puedan motivarlos a desarrollar sus habilidades de habla y lenguaje a través de la imaginación y la estimulación de los niños. bromas imaginativas

Palabras clave: literatura infantil, lenguaje, alfabetización.

1. INTRODUÇÃO

Considerada como um recurso essencial para o ensino de leitura e escrita a literatura infantil é diferente da adulta, pois são escritos para um público diferente, com habilidades e necessidades diferentes, assim como a forma de se ler.

As crianças experimentam os textos de maneiras muitas vezes desconhecidas, embora ricas e complexas podendo ser utilizados de forma direta no processo de alfabetização básica, que antes se referia apenas à capacidade de ler e escrever e agora se tornou uma atividade que envolve todas as artes da linguagem, ou seja, ler, escrever, falar e ouvir, com o pensamento sendo parte de cada um desses elementos.

Smith e Atrick (2011), explicam que a linguagem é o intermediário crítico entre as pessoas e a forma como ela afeta a leitura e a escrita, a leitura e a compreensão, além do pensamento, torna essencial que as habilidades linguísticas de uma criança sejam desenvolvidas ao máximo. Quando as crianças são expostas a histórias, também são expostas à linguagem natural que as ajuda continuamente a desenvolver e expandir suas próprias estruturas de linguagem – um recurso que a literatura oferece às crianças oportunizando-as de experimentar muitas estruturas da linguagem e um vocabulário cada vez maior.

Vygotsky (2001) lembra que a riqueza e a beleza da linguagem são expressas em palavras, arte e ilustrações que expandem as experiências de linguagem da criança, formando esquemas que são a base para a construção de significado. O uso da literatura como base para a alfabetização traz à tona o que a maioria das crianças sabe quando vai à escola expandindo as estruturas existentes.

A literatura dá às crianças textos significativos para que possam aprender a ler lendo, daí o ditado que não alcançamos a alfabetização e damos literatura infantil, mas alcançamos a alfabetização por meio da literatura.

Swanson et al. (2013) definem a literatura infantil como aqueles livros que, por consenso de adultos e crianças, foram atribuídos às estantes infantis. São os livros que constam da lista infantil da editora, especificamente para crianças e destinados a serem lidos como literatura e não apenas para informação e orientação.

Para Souza (2010) literatura infantil são as obras produzidas ostensivamente para dar prazer espontâneo às crianças, e não principalmente para ensiná-las, nem apenas para torná-las boas, nem para mantê-las proveitosamente quietas. É uma literatura que não deve ser distanciada da literatura principal, mas deve ser vista como emanando do corpo principal da literatura.

A literatura infantil é escrita e publicada com a expectativa de que as crianças a leiam. À luz do acima exposto, vem-se neste estudo buscar obter uma visão sobre o estado da pesquisa e o consenso na literatura sobre o valor da literatura infantil para a aquisição da linguagem e desenvolvimento da alfabetização.

Assim, diante do exposto, este estudo traz a seguinte problemática: de que forma a literatura infantil pode contribuir para fortalecer o processo de alfabetização e o desenvolvimento da linguagem na criança?

A literatura infantil é escrita e publicada com a expectativa de que as crianças a leiam. À luz do acima exposto, vem-se neste estudo buscar obter uma visão sobre o estado e o consenso na literatura acerca do valor da literatura infantil para a alfabetização e aquisição da linguagem.

 2. MATERIAIS E MÉTODOS

Quanto à pesquisa aqui realizada, explicativa, ela tem como finalidade tentar conectar as ideias para compreender as causas e efeitos do tema em questão para melhor explicar seus objetivos e porque acontece.

Quanto aos procedimentos técnicos para coleta de dados, usaram-se referências bibliográficas e a observação não participante. Por meio das pesquisas realizadas adquiriu-se conhecimento do problema levantado, reunindo informações detalhadas, com o objetivo de apreender a totalidade das várias situações em estudo.

Pela sua natureza básica, bem como pré-planejada e estruturada, também pode ser considerada uma pesquisa conclusiva que possibilitou aqui um aprofundamento em relação ao impacto da literatura infantil no desenvolvimento da alfabetização e linguagem na criança.

Foi realizado o estudo acerca da importância da literatura infantil no processo de aquisição da linguagem e alfabetização e discutir as maneiras diferentes pelas quais uma criança pode entrar em contato com os livros, sendo para tal realizada uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, a partir da coleta de dados em artigos científicos, obtidos no Scielo e demais bancos de dados eletrônicos disponíveis e que tivessem relação com o tema em questão.

Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois o estudo teve como finalidade descrição das características de determinados contextos no ambiente escolar de trabalho. Quanto aos procedimentos técnicos para coleta de dados, usaram-se referências bibliográficas e a observação não participante. Por meio das pesquisas realizadas adquiriu-se conhecimento do problema levantado, reunindo informações detalhadas, com o objetivo de apreender a totalidade das várias situações em estudo (DEMO, 2000).

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

O impacto de um programa baseado em literatura no desempenho da linguagem é uma questão importante, pois a literatura infantil é considerada uma fonte essencial de instrução. Ela indica que crianças expostas à literatura em uma idade mais jovem tendem a desenvolver estruturas de linguagem, vocabulário e sintaxe sofisticados, o que indica que tanto o desenvolvimento da linguagem quanto o sucesso na leitura podem ser melhorados pela exposição regular à literatura (REYES e PÉREZ, 2014).  

As crianças adquirem conhecimento, descobrem como a linguagem funciona e também sabem a diferença entre a linguagem escrita e a falada. À medida que a criança ouve e depois lê a literatura, ela ganha mais vocabulário e desenvolve assim sua linguagem.

Silva (2014) argumenta que para uma criança ser competente ou fluente na sua língua ela precisa aprender novas palavras, dominá-las e ser capaz de usá-las. Em nossa cultura altamente verbal, uma compreensão precisa dos significados das palavras é um pré-requisito necessário para a leitura com significado. Um elemento essencial para uma leitura inteligente é a compreensão das palavras usadas pelo autor. O desenvolvimento do vocabulário está relacionado às habilidades de compreensão de leitura.

Oliveira (2013) afirma que o vocabulário parece crescer à medida que as crianças passam o tempo com a literatura. Estatísticas indicam que as crianças da terceira série e acima aprendem o significado de cerca de 3.000 novas palavras a cada ano e os pesquisadores presumem que muitas dessas novas palavras são adquiridas pelas crianças no contexto de sua leitura.

Souza (2010) entende que o processo de ler em voz alta, discutir literatura com crianças e a leitura independente são todas influências positivas no desenvolvimento da alfabetização. E não é bom apenas para o desenvolvimento do vocabulário na pré-escola, mas nos níveis secundário e terciário, as crianças que leem regularmente por vários meses obtêm ganhos superiores em compreensão de leitura e vocabulário também.

Mesmo os estudos de curto prazo mostram aumentos significativos no conhecimento do vocabulário depois de apenas ouvir algumas histórias contendo palavras desconhecidas. O desenvolvimento do vocabulário anda de mãos dadas com o desenvolvimento da linguagem e esse processo começa antes de a criança entrar na escola. Conforme a criança adquire mais vocabulário, ela aprende como usá-lo e tende a desenvolver mais habilidades de linguagem (SOUZA, 2010).

Oliveira (2013) corrobora tais afirmações destacando que o desenvolvimento da linguagem se correlaciona com o sucesso da leitura e que ambos podem ser melhorados pela exposição regular à literatura infantil. Na fase de pré-alfabetização, um período importante do desenvolvimento da linguagem, o potencial para o desenvolvimento da linguagem de crianças aos 18 meses é fenomenal e a pré-ocupação com as palavras e os sons da linguagem é característica de crianças muito pequenas.

Os livros ajudam a cumprir o desejo de ouvir e aprender novas palavras, daí a importância de os pais começarem a ler para os filhos o mais cedo possível, pois se acredita que uma criança pequena que tem a oportunidade de ouvir e apreciar muitas histórias também está começando a aprender a ler. Por meio da exposição constante a histórias e livros, as crianças desenvolvem alguns dos primeiros conceitos sobre impressão. O estágio de pré-leitura é frequentemente referido como o nível emergente de leitura e é essencial para o sucesso posterior na leitura (OLIVEIRA, 2013).

Depreende-se de tais afirmativas que existem diferentes formas pelas quais uma criança pode ser colocada em contato com a linguagem e algumas dessas possibilidades serão discutidas no decorrer deste trabalho.

RECURSO DOS LIVROS ILUSTRADOS

Livros de imagens sem mundo são recomendados por muitos pesquisadores para aquisição de linguagem de pré-escolares e classes elementares. De acordo com Oliveira (2013) livros ilustrados sem palavras ajudam as crianças no desenvolvimento de muitas habilidades essenciais de pré-leitura, processamento de ideias, construção de histórias por meio de pensamento sequencial, previsão de resultados, pensamento inferencial e discriminação visual.

Menin et al. (2010) concordam que em livros ilustrados sem palavras, as sugestões pictóricas fornecidas promovem habilidades de linguagem expressivas por meio de estratégias como a criação de diálogos em grupo e histórias na forma oral e escrita. Essas abordagens ajudam as crianças a experimentar a natureza inter-relacionada de falar, ouvir, ler e escrever nessa língua específica.

De acordo com Cadermatori (2010), os livros ilustrados são normalmente negligenciados nos níveis educacionais superiores porque existe uma suposição de que eles são apenas para os primeiros anos inocentes, depois disso as crianças devem ser conduzidas longe das imagens para o mundo mais exigente da impressão.

Segundo Oliveira (2013) isso priva as crianças nos anos pós-recepção de motivação para histórias, uma ponte para a aquisição de habilidades de leitura, exposição a livros ilustrados desafiadores, valiosos materiais de estímulo e contextos para tarefas de desenvolvimento de linguagem, oportunidades para adquirir alfabetização visual e na tela. Os livros ilustrados contribuem muito para a aquisição da linguagem porque fornecem os meios para adquirir confiança nos livros e motivam a leitura.

Os livros ilustrados são particularmente úteis para estimular o desenvolvimento da linguagem por meio do incentivo às crianças para que participem ativamente da narrativa. Indicam também que, à medida que a criança conta a história, ela se dá conta do início, do final, da sequência da história, do clímax e dos personagens. Tudo isso é necessário para desenvolver um senso de história (OLIVEIRA, 2013).

APRESENTANDO O MUNDO ILUSTRADO ÀS CRIANÇAS: LEITURA EM VOZ ALTA E COMPARTILHAMENTO DE MATERIAL

A leitura de livros coloca as crianças em contato com estruturas e esquemas de histórias, bem como convenções de alfabetização, que são pré-requisitos para a compreensão de textos. Oliveira (2013) afirma que ler livros para crianças as expõe ao registro da linguagem escrita.

As regras gramaticais para a linguagem falada e escrita podem ser as mesmas, mas o uso das opções que a gramática oferece acaba sendo bem diferente na fala e na escrita. As crianças aprendem como usar e compreender o registro da linguagem escrita antes de aprender as habilidades mecânicas de codificação e decodificação de impressão (NELSON e LINEK, 2009).

Para Silva (2014) as crianças mais novas e menos experientes recitam livros com uma formulação e uma entonação apropriadas para situações orais, enquanto as crianças mais velhas e mais experientes usam uma linguagem que foi formulada cada vez mais como a linguagem escrita e como o próprio texto do livro.

No caso da leitura em voz alta Menin et al. (2010) explica que essa atividade estimula o interesse das crianças, o desenvolvimento emocional, a imaginação, desenvolve o vocabulário infantil e as torna mais sensíveis à linguagem. Ao mesmo tempo, prepara as crianças para a educação formal.

Ler em voz alta para crianças pequenas tem sido defendido como um dispositivo natural para promover o desenvolvimento da linguagem oral e iniciá-las na alfabetização. As primeiras interações da criança adulta com os livros as ajudam a desenvolver conceitos, fluência oral e um senso de história. A leitura frequente de histórias para os alunos ajuda-os a adquirir aquela linguagem específica, a compreender a gramática e a fazer previsões (TAVARES, 2014).

Assim percebe-se que a leitura em voz alta e a fala sobre os personagens ilustrados dos livros infantis dá aos alunos a oportunidade de aplicar suas estratégias comuns de aprendizagem de línguas.

Já o compartilhamento de livros, trata-se de um método através do qual os alunos podem adquirir competências linguísticas através da leitura. Oliveira (2013) estudou a forma como os pais compartilham livros com crianças pequenas e concluíram que um dos primeiros padrões de linguagem ou molduras que um pai e uma criança desenvolvem é em relação ao compartilhamento de um livro ilustrado.

Para Vygotsky (2001) os pais usam um padrão de linguagem consistente ao rotular objetos em uma imagem. Eles apontam para a foto e a nomeiam, então a criança a imita. A atenção de ambos os participantes estará concentrada nas imagens e palavras que permanecem as mesmas para cada leitura, portanto, a criança pode prever a história e construir um vocabulário ao longo de inúmeras leituras.

Souza (2014) percebeu que na escola a leitura compartilhada é bem-sucedida nas classes elementares. Ele enfatiza o ponto de que se as crianças gostarem da experiência desejarão fazê-la, frequentemente, em grupos de classe, em pequenos grupos, em pares ou individualmente. Assim, se tornarão capazes de dominar a linguagem escrita no livro com o mínimo de pressão e esforço, porque a nova aprendizagem da língua ocorre no ponto de interesse. 

COMO MOTIVAR PARA A LEITURA

Uma vez que os benefícios da leitura foram provados conclusivamente, o próximo passo seria garantir que todas as crianças leiam o máximo possível. Subjacente a esse esforço está o problema de motivá-las a ler, uma das principais preocupações na educação atual.

Souza (2010) concorda que leitores altamente motivados são autodeterminados e geram suas próprias oportunidades de leitura. Eles querem e escolhem ler por uma ampla gama de razões pessoais, como curiosidade, envolvimento, intercâmbio social e satisfação emocional, e, ao fazer isso, acabam determinando seu próprio destino como alfabetizadores.

Para Silva (2014) a alfabetização é influenciada por uma variedade de influências motivacionais. Os alunos que acreditam serem leitores capazes e competentes têm mais probabilidade de superar aqueles que não têm essas crenças e os alunos que percebem a leitura como valiosa e importante e que têm razões pessoais para ler se envolverão na leitura de uma maneira mais planejada e esforçada, tornando-se leitores engajados.

Girotto e Souza (2010) descreve um leitor engajado como motivado, aquele que escolhe ler para uma variedade de propósitos, como adquirir novos conhecimentos, escapar para o mundo literário do texto e aprender a realizar tarefas. Um leitor engajado é conhecedor porque ele é capaz de usar informações obtidas em experiências anteriores para construir uma nova compreensão do texto, para adquirir conhecimento do texto, para aplicar o conhecimento obtido da leitura do texto em uma variedade de contextos pessoais, intelectuais e sociais.

Ele é estratégico no sentido de que é capaz de empregar estratégias cognitivas para decodificar, interpretar, compreender, monitorar e regular o processo de leitura para atender aos objetivos e propósitos da leitura. Por último, um leitor engajado é socialmente interativo, capaz de compartilhar e se comunicar com outras pessoas no processo de construção do significado do texto. Ou seja, o tipo de leitor que os educadores devem visar ao motivar (GIROTTO e SOUZA, 2010).

Dessa forma, dentro do processo de se promover a motivação para a leitura os professores acabam desempenhando um papel crítico ao ajudar as crianças a se tornarem leitores que leem por prazer e na busca por informação – daí, portanto um bom motivo para que eles criem projetos e oficinas de leitura em sala de aula que apoiem e estimulem as crianças a se tornarem leitores altamente motivados.

Isso pode ser feito através do próprio exemplo. Professores, bibliotecários e pais são influências motivadoras e devem ser modelos explícitos compartilhando suas próprias experiências de leitura com os alunos e enfatizam como ela melhora e enriquece suas vidas.

Outro ponto importante é a convivência com ambientes ricos em livros como bibliotecas de sala de aula e bibliotecas pessoais que despertam a motivação para ler, pois quando as crianças têm ambientes ricos em livros, a motivação para ler é alta. Oportunidades de empréstimo de livros e meios de obtenção de livros para leitura em casa são fatores significativos na motivação para a leitura, o que torna o acesso às bibliotecas uma prioridade nas escolas (TAVARES, 2014).

Assim, é preciso valorizar a oportunidade de escolha do livro, pois é um fator muito importante na motivação para a leitura uma vez que pode se bem direcionado, promover a independência e versatilidade dos alunos como leitores.

A interação social nesse processo acaba é outro ponto importante, pois muitas vezes as crianças escolhem os livros porque alguém lhes contou sobre isso, pode ser um amigo, os pais ou mesmo os professores. Compartilhar livros, estar numa oficina de leitura ou participar de sessões de leitura em voz alta promovidas pelo professor são todos fatores motivadores. Quanto maior a quantidade de livros a que as crianças forem expostas e conhecerem, maior o número de leituras que farão.

As interações sociais com outras pessoas estimulam a motivação, promovem realizações, cognição de nível superior e desejo intrínseco de ler. De fato, pode-se dizer que os professores podem fazer uma diferença real na vida de alfabetização de crianças pequenas quando servem como modelos de leitura e motivam e criam culturas de sala de aula ricas em livros, oferecem oportunidades de escolha, encorajam interações sociais sobre livros, constrói nos livros familiares e refletem a visão de que os livros são as melhores recompensas (VYGOTSKY, 2001).

Ao fazerem isso, eles podem mudar as atitudes dos alunos em relação à leitura, mesmo aqueles que não querem ler, com sorte, adquirirão interesse pela leitura. Uma vez que o interesse é obtido, eles se tornam leitores voluntários e, à medida que leem por conta própria, adquirem um vocabulário que o leva ao sucesso no processo de alfabetização e aquisição da linguagem.

Assim, pautado sobre as informações levantadas na pesquisa para realização deste estudo, foi possível entender que todas as atividades de leitura dependem da disponibilidade de uma variedade de livros apropriados para crianças, assim como modelos explícitos de leitura que as incentivem e possam motivá-las. 

É muito importante que as crianças tenham acesso aos livros, embora se deva reconhecer que muitos, pelos recursos materiais e financeiros escassos tenham dificuldade de fazê-lo. Assim o acesso às bibliotecas escolares ou públicas acaba sendo essencial, pois os livros, em especial os infantis, são a ferramenta mais poderosa disponível para desenvolver a linguagem de uma criança e aumentar sua capacidade de leitura e compreensão.

Dessa forma, algumas dicas para ajudar as crianças a ler devem ser levadas em consideração como a leitura diária de livros com figuras coloridas, apontar sempre para as figuras enquanto lê; fazer uso de livros feitos de materiais flexíveis que possam ser manuseados com facilidade pela criança; escolher que mostrem muita ação; pedir a participação da criança para apontar e imitar sons relacionados aos desenhos (carros de polícia, ambulância, bombeiros, caminhões), juntando-se a criança nesse mundo.

Assim, ler livros com crianças ajuda a desenvolver suas habilidades de fala e linguagem e pode ajudar a desenvolver nelas o amor pela linguagem através do envolvimento causado pela imaginação e o estímulo às brincadeiras imaginativas (uma forma primária de as crianças aprenderem sobre o mundo) além do conhecimento de coisas e lugares que elas podem não ter a chance de aprender de outra forma, como por exemplo, os oceanos, o espaço sideral e os dinossauros.

A literatura infantil ajuda a criança a entender seus sentimentos sobre o mundo uma vez que muitos livros infantis tratam de tópicos que podem abrir discussões valiosas entre pais e filhos, como livros sobre rivalidade entre irmãos, pesadelos ou como lidar com emoções difíceis que certamente fazem ou farão parte de sua vida em breve.

4. CONCLUSÃO

Definida como um corpo de escrita que pode ser factual ou ficcional, a literatura inclui todos os tipos de leitura e não pode ser limitada apenas ao texto, pois é uma representação da necessidade humana de comunicar significados e frequentemente está ligada a contextos sociais ou culturais, o que faz com que alcance um significado sociocultural importante.

No caso da literatura infantil, ela é escrita predominantemente por adultos para crianças com o objetivo de entretê-las e instrui-las e geralmente é carregada de alguma forma de tema ou moral, o que a torna fundamentalmente significativa para o desenvolvimento da linguagem.

As crianças não se beneficiam apenas com a leitura da literatura infantil, mas suas habilidades de linguagem também se desenvolvem substancialmente quando ela é feita em voz alta. A literatura influencia o desenvolvimento da linguagem das crianças principalmente ao fornecer um modelo para ler, escrever e falar. Através do fornecimento de uma válvula de escape para o aprendizado engajado, as crianças têm a oportunidade de expandir suas habilidades linguísticas de uma forma imaginativa e criativa.

Sem a introdução e expansão do vocabulário por meio da literatura, as crianças teriam dificuldade para desenvolver seus próprios vocabulários. E a literatura infantil oferece uma oportunidade para que elas o façam de uma forma criativa e divertida. Os autores usam recursos da linguagem para envolver as crianças e ajuda-las a desenvolver suas próprias habilidades. Por meio do uso desses recursos de linguagem e, adicionalmente, por meio de situações de leitura independente, compartilhada, modelada e orientada, a literatura melhora não apenas o vocabulário das crianças, mas também sua pronúncia.

Através das ilustrações, as crianças podem começar a fazer conexões entre palavras e imagens, o que é extremamente benéfico para o desenvolvimento da linguagem, que é aprimorada através da leitura, escrita e audição. Quer as crianças leiam por si mesmas ou vivenciem a literatura por meio de experiências de leitura compartilhadas ou modeladas, a literatura infantil é extremamente importante para o desenvolvimento da linguagem.

5. REFERÊNCIAS 

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  1. NOTA BIBLIOGRÁFICA

       Valéria Cristina Calvi Fontana, Professora das séries inicias da EMEIEF São Salvador e de Biologia na EEEFM Presidente Kennedy – Presidente Kennedy/ES,

e-mail: valeriafontana2@yahoo.com.br, Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário São Camilo e Pedagogia pela UNIUB, com especialização em Educação Ambiental e Gestão Escolar Integrada, aluna do programa de Mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Columbia del Paraguay, em parceria com o Instituto IDEIA-BR.

Valéria Cristina Calvi Fontana

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