O PROJETO DA EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

RESUMO:

O presente artigo pretende dialogar sobre o Ensino de Jovens e adultos no Brasil, pretende-se compreender os contextos nos quais os discentes dessa modalidade de ensino estão inseridos e ainda falar sobre as motivações sociais que o impelem de finalizar tal estudo.

Pretende-se compreender mais através de pesquisas bibliográficas e dados estatísticos analisados os fatores de evasão escolar que é um dos fatores que impossibilitam o Brasil sair da sua atual posição nos índices mundiais de escolarização da população.

Palavras chaves: EJA, Evasão Escolar, Política Pública, Fatores

INTRODUÇÃO:

O principal objetivo ao implementar o ensino pra jovens e adultos é oportunizar seus participantes a obter mais conhecimento, trabalhando-os para uma inserção de acordo com os parâmetros exigidos no mercado de trabalho que estão cada vez mais altos. O objetivo deste programa é garantir que o jovem ou adulto que não conseguiu concluir seus estudo no tempo médio regular, tenha a oportunidade de concluir seus estudos. Conforme explica Di Pierro 2014, no parágrafo a seguir é de suma importância que este consolidado programa ganhe novos ares para atingir maior público e assim trabalhar para a erradicação do analfabetismo no Brasil.

“Ao longo das últimas décadas, o Brasil consolidou uma consciência social do direito à Educação na infância, mas ainda não construiu uma cultura do direito à Educação ao longo de toda a vida. Assim, não é incomum que pais com baixa escolaridade lutem para que os filhos tenham acesso a um ensino de qualidade, sem reivindicar para si mesmos o direito que tiveram violado. Tampouco é raro que pessoas com escolaridade elevada permaneçam alheias ao fato de que estão cercadas por adultos que a pobreza e o trabalho precoce afastaram da escola, ou que têm precário manejo da leitura, da escrita e do cálculo matemático.” (DI PIERRO, 2014).

No Brasil erradicar o analfabetismo é um desafio, assim como alcançar uma realidade de plena educação para todos.

Entre as metas do Plano Nacional da Educação (PNE), por exemplo, está o desafio de aumentar em até 25% o nível de escolaridade da população com oferta de Educação de Jovens e Adultos diminuir a taxa de analfabetismo e alfabetismo funcional, Além disso, o plano estabelecia que, até o fim de sua vigência, 25% das matrículas da EJA deveriam estar vinculadas à educação profissional. Em 2014, apenas 2,8% estavam vinculadas e, em 2020, esse índice diminuiu para 1,8%. Assim, nenhuma das metas foi atingida em 2020, um ano que foi ainda mais desafiador dado o agravamento das desigualdades sociais e econômicas em decorrência da pandemia de covid-19. (Fonte: Observatório da Educação Ensino Médio e Gestão).

Os desafios para alcançar as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação são grandes, maiores ainda quando avaliamos o contexto social em que cada um dos alunos do EJA vivem. Percebemos a necessidade de políticas públicas eficientes, que auxiliem estes alunos que vivem um uma realidade diferente dos alunos que finalizam seus estudos em idade regular. Acompanhamento de forma presente para evitar que se dê a evasão escolar e flexibilidade nas disciplinas, modificação nas metodologias trabalhadas em sala de aula, de forma a alavancar a participação e conclusão do aluno nos seus estudos.

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS PARA MUDANÇA EM SEU CONTEXTO SOCIAL:

Em pesquisa divulgada apelo IBGE em 2020 mostra que apesar da proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo ter crescido no país, passando de 45,0% em 2016 para 47,4% em 2018 e 48,8% em 2019, mais da metade (51,2% ou 69,5 milhões) dos adultos não concluíram essa etapa educacional. A pesquisa demonstra ainda que no Nordeste a taxa de não conclusão beira (60,1%), ou seja, 1 em cada 5 pessoas não concluiu o ensino médio.

Os dados demonstram ainda os principais motivos apontados pelos desistentes que de acordo com o IBGE foram: necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%). Entre as mulheres, destaca-se ainda gravidez (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%).

A falta de escolaridade do indivíduo movida por diversas razões já apontadas aqui por pesquisa, está intrinsicamente ligada ao desemprego, conforme podemos concluir através de outro dado importante.

O levantamento feito pela pesquisa realizada pela organização OCDE, publicada pela revista Veja, analisou dados de 44 países, entre eles o Brasil, para entender a relação do tempo de estudo com as taxas de desemprego. Entre as pessoas de 25 a 64 anos de idade que têm diploma de graduação, a taxa média de desemprego é de 5,3%. Já entre os que não concluíram o ensino médio a taxa sobe para 13,7%. (Fonte: Revista Veja, 2015).

Dentro deste contexto para proporcionar a este público uma quebra de ciclo, é necessário oportunizar condições para o aprendizado e desenvolvimento. Além de todo o benefício social, o acesso à educação possibilita consciência crítica e induz aos questionamentos que contribuem para as mudanças sociais no Brasil.

A QUESTÃO DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO PARA JOVENS E ADULTOS

O acesso a educação é um direito garantido pela Constituição de 1988, ainda sim nos dias atuais lidamos com taxas altas de analfabetismo e altos índices de evasão escolar no Brasil. Percebemos dentro do objeto de estudo deste artigo, o EJA, que os grupos que o integram possuem majoritariamente baixa renda e muitos vivem em situação vulnerável, sem estrutura familiar adequada, fator que o faz ter que trabalhar ao invés de estudar, em sub empregos para prover o sustento em sua casa.

A visão escolar principalmente em uma modalidade de ensino voltada para pessoas que já passaram da idade média de formação, deve se dar de forma diferenciada, a aplicação de ensino deve agrupar novas metodologias respeitando as necessidades de cada público e para isso é necessário investimento em estrutura e formação dos profissionais que estão em sala de aula, para além disso é necessário rever a grade curricular , repensar os planejamentos de forma que atendam este público com diferentes realidades e dificuldades.

Entonando esta observação segue o parágrafo retirado do texto publicado pelo Observatório de Educação Ensino Médio e Gestão:

“Ao observar a série histórica, compreende-se que as matrículas da modalidade vêm diminuindo sistematicamente desde 2017, dado que acompanha a sistemática queda nos investimentos públicos. O agravamento desses índices entre 2019 e 2020 apontam para a deterioração do contexto em razão da pandemia de covid-19. Em 2020, a Lei Orçamentária Anual (LOA) destinou a menor verba dos últimos anos para a EJA, R$ 25 milhões.”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

No contexto apresentado acima, considerando os fatores apontados pela pesquisa realizada sobre evasão escolar, torna-se necessário discutir políticas mais assíduas para evitar que o discente abandone os estudos.

Ao considerar o estudo voltado para a educação de jovens e adultos, é necessário considerar o contexto no qual essa população está inserida. Como vimos anteriormente através de dados obtidos pelo censo realizado pelo IBGE grande parte dos alunos precisa evadir-se para trabalhar, muitas vezes prover o sustento do seu lar, meninas jovens acabam engravidando e também acabam evadindo seu conseguir concluir o segmento. O EJA compreende uma população mais pobre, muitas vezes sem a estrutura familiar adequada para prosseguir com o estudos. Cabem assim políticas públicas de assistência a estes estudantes, cabe um estudo analítico nas regiões onde a evasão escolar se apresenta mais latente para que se estude maneiras de auxiliar estes estudantes a concluir seus estudos e permitir a eles modificar o contexto social onde vivem.

É fundamental que haja um compromisso real com a educação na esfera política, pois isso não impacta apenas positivamente a vida destes estudantes, mas também fortalece o desenvolvimento social e econômico do país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DI PIERRO, Maria Clara(2014), Como as políticas públicas e os gestores escolares podem combater a diminuição de matrículas e os elevados índices de abandono observados na EJA.

Disponível em: www.gestaoescolar.com.br Acesso em nov. de 2019.

BAIXA ESCOLARIDADE TRIPLICA CHANCE DE DESEMPREGO DIZ: OCDE. Disponível em: https://veja.abril.com.br/educacao/baixa-escolaridade-triplica-chance-de-desemprego-diz-ocde/(2015).

https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/conteudo-multimidia/detalhe/educacao-de-jovens-e-adultos-a-luta-pelo-direito-a-aprendizagem (2020). Acesso em 20/03/2020.

Caroline Arlane Rocha

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